Page 6 - INFO Julho 2016
P. 6

INFO Julho2016 Sessão Comemorativa dos 10 anos de Terapias Não Farmacológicas | Semana Europeia de Luta Contra a Dor





















Na equipa de enfermagem Enf.ª Ana Cristina Ferreira Existe uma ampla variedade de escalas de dor e de
e o Enf.º Nélson Pais; Auxiliares da Unidade: D. Lurdes procedimentos de avaliação. As mais frequentes são
Cruz e D. Isabel Lima; Secretária Clínica da Unidade: D. a escala visual analógica, a escala numérica, a escala
Anabela Mota; Assistente Social da Unidade: Dra. Cé- qualitativa e a escala de faces. Na prática, não existe
lia Tinoco e como Especialidades colaborantes com a nenhum método objetivo satisfatório para determinar
Unidade de Dor: Medicina Física e Reabilitação (Dra. a intensidade da dor, pelo que é necessário recorrer
Carla Gomes), Neurologia (Dra. Cristina Oliveira e Dra. ao método de autoavaliação com escala. Todavia, uma
Maria Manuel Breda), Psicologia (Dra. Piedade Leão) e vantagem deste método reside no facto do médico ter
Psiquiatria (Dra. Emília Albuquerque). uma ideia direta da perceção da dor pelo doente. Deve
tomar-se em consideração que quando se utilizam esca-
A Multidisciplinaridade na terapia da Dor é essencial pois las com um número ímpar de subdivisões, em particu-
trata-se de um problema demasiado amplo e complexo lar escalas com cinco divisões, poderá existir uma ten-
para ser tratado por uma única especialidade. Além disso, dência do doente para escolher o valor médio. De uma
deve-se desmistifcar a sua escassa prevalência. forma geral, o método de autoavaliação com escala é
bastante fável para monitorizar o curso do tratamento
Quando abordamos um doente com Dor o mais impor- no doente individual.
tante é não esquecer que “Dor é... aquilo que o doente
diz que é”. O ponto de partida para uma gestão efcaz Na prática clínica os principais problemas com que nos
da dor é uma avaliação clínica completa. O exame e a deparamos são a subvalorização da intensidade da dor,
avaliação do doente com dor crónica requerem a histó- a falta de atenção aos componentes psicossociais do
ria detalhada de cada doente. Os resultados do exame sintoma – Dor Total, recurso excessivo à via intramus-
devem conduzir a um diagnóstico que deve ser explica- cular, consumo excessivo e associação de diferentes
do ao doente, deve haver consenso sobre os objetivos AINE’s, défce na prescrição de opióides e, quando uti-
terapêuticos e ser elaborado um plano de tratamento lizados, estão em doses subterapêuticas, ausência de
individualizado. prescrição de laxantes e antieméticos para combater
os principais efeitos secundários, objetivos irrealistas
Para obtermos sucesso a comunicação médico-doente no tratamento e poli-farmácia irracional.
é de suma importância. Deve ser dada atenção à co-
municação verbal e não-verbal, praticar a escuta ativa, Barreiras ao adequado controlo da Dor verifcam-se da
sem distrações de notas, fcheiros informáticos e inter- parte do Profssional de Saúde (não acreditar nas quei-
rupções. A linguagem deve ser estruturada de forma xas dos doentes, falta de formação e treino, medo de
compreensível para o doente e, sempre que necessário, potencial abuso e adição, incapacidade de prever a ef-
repetir as informações de forma a assegurar o enten- cácia do fármaco, complexidade das prescrições, exis-
dimento. Basicamente, pensar-se que o doente é um tência de objetivos irrealistas e a existência de múltiplas
parceiro que precisa de estar bem informado e, como co-morbilidades), da parte do doente e da família (mitos
tal, pedir e aceitar o seu ponto de vista, fazer perguntas sobretudo dos opióides, medo da adição (toxicodepen-
abertas, demonstrar empatia pelas suas preocupações, dência), medo dos efeitos adversos e má adesão ao tra-
promover um contacto visual adequado, tranquilizá-lo tamento) e a nível sociocultural (crenças religiosas, Dor
em relação aos seus medos e promover a confança, como estoicismo e a “Conspiração do silêncio”).
sabendo gerir as suas expectativas.
A dor crónica severa tem consequências devastadoras:
Ao preencher o questionário da dor ou durante a monito- sub-utilização do sistema músculo-esquelético (sobre-
rização do tratamento, o doente tem que avaliar a inten- carga do tecido músculo esquelético com degeneração,
sidade da dor. Essa avaliação faz-se frequentemente com mobilidade reduzida, obesidade, atrofa muscular, con-
auxílio de escalas de dor, que são sempre subjetivas. tracturas e neuropatias), a nível hormonal (excesso na







6
   1   2   3   4   5   6   7   8   9   10   11